Principal responsável pelos alimentos que chegam à nossa mesa, a agricultura familiar tornou-se, com Lula e Dilma, setor estratégico para o desenvolvimento econômico e social do país. O cenário no campo, que nos governos anteriores era de concentração de terras e exclusão da agricultura familiar do crédito e de outros instrumentos de política agrícola, mudou radicalmente com a chegada de Lula à Presidência. Os agricultores familiares passaram a contar com políticas integradas de crédito, assistência técnica, comercialização, seguro e garantia de preço. Criado por Lula em 2003, o Plano Safra da Agricultura Familiar a cada ano disponibilizava um volume maior de recursos, revolucionando permanentemente o setor.
O Plano Safra da Agricultura Familiar apresentado para o biênio 2022/23, no entanto, mostra-se incompatível com as necessidades da agricultura familiar. O volume de recursos oferecidos para crédito aumentou, porém com juros mais altos. Falta assistência técnica, políticas de comercialização e políticas de fomento, incluindo a interdição do programa de reforma agrária e a extinção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), impondo enormes retrocessos para a agricultura familiar.
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) já existia desde 1995, mas 76% dos estabelecimentos familiares não tinham acesso. Lula e Dilma levaram o Pronaf ao Brasil inteiro e multiplicaram por mais de dez vezes o volume de crédito, que saltou de R$ 2,2 bilhões em 2002/2003 para R$ 24,1 bilhões em 2014/2015.
Horta de Lindaci Maria dos Santos e seu marido Raimundo Nonato Ribeiro. | Foto: Sergio Amaral/MDS
Importante ressaltar que os avanços do Pronaf, desde o primeiro ano do primeiro mandato de Lula, foram fruto de intensas negociações entre o governo federal e as entidades que representam o setor, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf Brasil), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Fortalecida, a agricultura familiar ajudou a reduzir a pobreza, as desigualdades sociais e promover o crescimento sustentável do país.
Símbolo da democratização da terra e do aumento de oportunidades de trabalho e renda no campo, mas considerada um tabu pelos conservadores, a reforma agrária ganhou um impulso histórico durante os governos Lula e Dilma.
Os dois juntos promoveram um número recorde de assentamentos. Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA): 748 mil famílias foram assentadas em projetos de reforma agrária, de 2003 a 2015, número que correspondeu a 55% do total de famílias assentadas em toda a história do Brasil até 2020.
A área obtida pelo programa de reforma agrária, de 2003 a 2015, foi de 51,5 milhões de hectares, o que correspondeu a 57% de toda a área incorporada ao programa até 2020.
E o mais importante: em vez de abandonados à própria sorte como no passado, os assentados passaram a contar com crédito, assistência técnica, construção e reforma de moradias, abertura de estradas, acesso a água e luz elétrica, sementes de alta qualidade genética, garantia de venda da produção e ampliação dos níveis de escolarização, entre outros benefícios. Mais do que um pedaço de chão, eles conquistaram o direito de plantar, colher e viver com dignidade.
Benefícios dos governos Lula e Dilma ajudaram assentados da reforma agrária a produzirem com dignidade. | Foto: Sergio Amaral/MDS
Aumento no número de famílias assentadas
O governo Dilma assentou, em 2013, 30.359 famílias, 31% a mais do que em 2012, num total de 316 mil hectares. Segundo o Incra, na média, apenas 22% dessas terras estavam sendo utilizadas. 50% dos imóveis desapropriados não possuíam qualquer atividade produtiva.
Pequenos agricultores familiares foram fortalecidos e incentivados pelos governos Lula e Dilma. | Foto: Ministério do Desenvolvimento Social (MDS)
DESTAQUES
Aquisição de alimentos
Criado em 2003 como estratégia de combate à pobreza e à fome, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) mudou a vida de 188 mil famílias. Antes, esses agricultores familiares, assentados da reforma agrária, indígenas e quilombolas produziam apenas para subsistência, ou eram obrigados a vender para atravessadores, que ficavam com a maior parte do lucro.
A produção adquirida via PAA era destinada à formação de estoques estratégicos e à distribuição para entidades socioassistenciais, como creches, restaurantes populares, cozinhas comunitárias e famílias em situação de vulnerabilidade.
Além de garantir mercado com preços justos para os agricultores familiares, o PAA possibilitou o aumento da variedade de alimentos produzidos nas unidades familiares, estimulando a alimentação saudável, com produtos mais frescos.
Nos governos do PT o programa chegou a 3.915 municípios de todo o país. A maior parte dos agricultores familiares que acessavam o PAA estavam na Região Nordeste (44%), seguida do Sul (24%), Sudeste (20%), Norte (8%) e Centro-Oeste (4%), de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Compra pelo governo de alimentos da agricultura familiar tornou a alimentação de milhares de crianças mais saudável em escolas do interior | Foto: Eduardo Aigner/MDA
Na série de desmontes promovidos após o golpe de 2016, o governo Bolsonaro extinguiu o PAA, criando no seu lugar o programa Alimenta Brasil. Essa decisão se deveu ao sucesso do programa que se tornou uma marca dos governos do PT para as áreas rurais.
Do campo para a mesa dos brasileiros
A Agricultura Familiar produz nas culturas permanentes, 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas temporárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão, segundo dados do Censo Agropecuário (2017) realizado pelo IBGE.
Em 2009, a Agricultura Familiar passou a fornecer alimentos também para as escolas da rede pública. A Lei 11.947/09 determina que no mínimo 30% dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) sejam utilizados na aquisição da produção agrícola familiar, prioritariamente de assentados de reforma agrária e comunidades tradicionais indígenas e quilombolas. Apenas em 2012, a agricultura familiar vendeu R$ 308 milhões ao PNAE. De acordo com a lei, os gêneros alimentícios devem ser comprados, sempre que possível, no mesmo município onde as escolas estão localizadas. Bom para os produtores, que têm venda garantida a preço justo, e para os estudantes, que recebem alimentação mais saudável.
O sucesso do programa atravessou as fronteiras brasileiras e virou modelo para os países africanos. Cinco países do continente aderiram ao PAA – que recebeu o nome de “The Purchase from Africans to Africa” (Compras dos Africanos para a África, em tradução livre) – e 125 mil estudantes foram beneficiados com o fornecimento de alimentos comprados pelos governos de mais de 5 mil agricultores familiares.
PAA virou modelo para países africanos e beneficiou 5 mil agricultores. | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
DESTAQUES
Assistência Técnica
Antes de Lula, o Brasil sofria um grave apagão de assistência técnica e extensão rural (Ater). Com Lula e Dilma, em apenas uma década o volume anual de investimento na área cresceu de R$ 56 milhões para R$ 945 milhões. Em 2013, o Governo Federal criou a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), para atuar em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O objetivo foi levar mais e melhor serviços de assistência técnica ao setor agropecuário, com prioridade para a agricultura familiar. As áreas prioritárias eram a cadeia produtiva do leite, a agricultura orgânica e de baixo carbono e a produção na região do semiárido, com tecnologias de convivência com a seca. Em 2014, cerca de 800 mil agricultores familiares e assentados de reforma agrária (50% mulheres) eram atendidos por programas de assistência técnica.
A extinção da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), em 1990, comprometeu a produção agrícola brasileira e desamparou as populações rurais mais pobres. Os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) ficaram sob responsabilidade exclusiva dos governos estaduais, sem coordenação nacional.
Foi uma década de abandono, até que, em 2003, o governo Lula lançou as diretrizes da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater). As instituições estaduais foram reequipadas, novos técnicos foram contratados e as entidades passaram a se articular em redes, garantindo uma melhor cobertura dos serviços no país.
Denircia da Costa Lima e Vilmar de Almeida são agricultores familiares no Distrito Federal e foram fornecedores do PAA. | Foto: Sergio Amaral/MDS
Os governos Lula e Dilma incrementaram os serviços de assistência técnica de qualidade para todos os brasileiros – e as brasileiras em especial, por meio de ações destinadas às trabalhadoras rurais. Além da Rede Temática de Ater para Mulheres, o governo Lula implantou serviços específicos para as populações indígenas e quilombolas, a partir de experiências históricas e culturais desses povos. Já os assentados da reforma agrária puderam contar, desde 2004, com serviços de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates).
O objetivo era fazer dos assentamentos unidades familiares de produção estruturadas, com segurança alimentar garantida, voltadas para o desenvolvimento sustentável e solidário.
Com Lula, serviços específicos de assistência técnica para as populações indígenas e quilombolas foram implantados. | Foto: Sergio Amaral/MDS
DESTAQUES
Financiamento e proteção
Com Lula e Dilma, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foi desburocratizado e ampliado. O crédito saltou de R$ 2,3 bilhões (2002-2003) para R$ 28,9 bilhões na safra 2015-2016. Além de pequeno em volume, o Pronaf antes estava restrito a um público reduzido, sobretudo da região Sul do país. Apenas cerca de 20% dos agricultores tinham acesso a ele.
Nos governos Lula e Dilma, o programa esteve presente em 5.454 municípios, com ampliação do público de beneficiados (mulheres, jovens, pescadores artesanais, extrativistas), novas atividades financiadas (agroflorestal, agroindustrial) e juros abaixo da inflação. Desde 2002, mais de 1 milhão de famílias adquiriram crédito rural por meio do programa. Com Lula e Dilma, o Pronaf cumpre de fato a missão inscrita em seu nome: o fortalecimento da agricultura familiar.
Com o Pronaf, mais de 1 milhão de famílias adquiriram crédito rural. | Foto: Sergio Amaral/MDS
Em 2008, como resposta à crise econômica mundial, o governo Lula lançou uma linha de crédito específica, o Plano Safra Mais Alimentos, para financiar a infraestrutura e o aumento da produtividade da agricultura familiar.
O governo Dilma deu continuidade e aprofundou essa política e, em cinco anos, 400 mil famílias foram beneficiadas com um total de R$ 15,5 bilhões em crédito para compra de tratores, veículos de transporte, colheitadeiras, resfriadores de leite e investimento em projetos para correção e recuperação de solo, melhoria genética e irrigação. Cerca de 2,3 mil empregos (41% da mão-de-obra) da indústria de tratores foram mantidos graças ao Programa Mais Alimentos, que também motivou as empresas a nacionalizarem componentes para se enquadrar nos critérios do programa, gerando mais empregos no setor.
Além da oferta recorde de crédito, os governos Lula e Dilma implantaram e aperfeiçoaram diversas ações para atender uma reivindicação histórica dos agricultores familiares: garantia de renda em casos de queda de preço e perda de safra devido a adversidades climáticas.
Em 2013, por conta de uma das maiores estiagens da história, o governo Dilma lançou um conjunto de ações estruturantes para estimular a produção agrícola familiar do semiárido, disponibilizando um total de R$ 4 bilhões.
O primeiro Plano Safra Semiárido suspendeu a execução das dívidas dos produtores da região até o final de 2014. Além disso, 870 mil agricultores receberam parcelas normais e adicionais do Garantia Safra, 215 mil receberam 930 mil toneladas de milho para alimentação animal e mais de 1 milhão foram beneficiados com o Bolsa Estiagem. Foram construídas 937 mil cisternas e implantadas 60 mil unidades de armazenamento de água (mais 16 mil até o fim de 2014).
Além disso, foi montada a maior operação de oferta de água por carros-pipa da história, sob a coordenação do Exército, mobilizando mais de 6 mil pipeiros. Foram implantados 207 sistemas simplificados de abastecimento de água e 95 poços nos Estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe.
Graças a essas e outras medidas, ao contrário do que acontecia no passado, não houve epidemia de fome, as famílias não foram obrigadas a emigrar para as grandes cidades, nem foram registrados saques a supermercados. No segundo Plano Safra Semiárido (2014-2015), o volume de crédito subiu para R$ 4,6 bilhões.
Com o Plano Safra Semiárido, 937 mil cisternas foram construídas. | Foto: Ministério do Desenvolvimento (MDS)
DESTAQUES
Geração de renda
Os governos Lula e Dilma investiram fortemente na inclusão dos agricultores familiares no processo de agroindustrialização e de comercialização da produção. Até então, o quadro era de desolação: inexistência de linhas de crédito adequadas à realidade do setor, legislações sanitária e ambiental excludentes, assistência técnica deficiente e baixa participação no mercado institucional.
Com políticas de apoio a setores como agroindústria, biocombustíveis e produção de leite, a agricultura familiar deu um salto de qualidade. Agregou valor, gerou renda e oportunidades de trabalho, melhorando a condição de vida das populações da zona rural.
Criado em 2003, o Programa de Agroindústria ofertou quase R$ 900 milhões em crédito durante o governo Lula. Cerca de 24 mil agroindústrias receberam apoio, beneficiando 166 mil famílias, graças a ações como aumento do crédito, estímulo à organização em associações e cooperativas, adequação de legislações específicas, capacitação técnica, promoção e divulgação dos produtos e articulação com o mercado. Estudos mostram acréscimo de renda familiar mensal de um salário mínimo para cada família beneficiada.
As barracas de lona, o abandono e a desesperança ficaram para trás. Com Lula e Dilma, as palavras-chave foram infraestrutura, crédito e produção. E uma quarta palavra foi cada vez mais incorporando-se ao novo dicionário da reforma agrária: agroindustrialização.
Lançado em 2013 pelo governo Dilma, o Programa Terra Forte ofereceu R$ 300 milhões em crédito, disponíveis até 2017, para projetos de agroindustrialização em assentamentos. Os recursos saíram do BNDES e do Banco do Brasil. O Terra Forte foi um complemento ao Programa Terra Sol, lançado em 2004, que beneficiou 190 mil famílias durante o governo Lula, por meio de apoio a projetos de agroindustrialização e comercialização da produção dos assentamentos.
Unidade de beneficiamento de leite e derivados da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), em Arapongas (PR). | Foto: Joka Madruga/Brasil de Fato)
Mais de 60% do leite produzido no Brasil vem da Agricultura Familiar. Por isso, os governos Lula e Dilma desenvolveram ações específicas nas áreas de crédito, seguro de renda, capacitação e assistência técnica e extensão rural.
As famílias produtoras de leite contaram ainda com operações de compra direta, dentro do Programa de Aquisição de Alimentos. Ao mesmo tempo que incentiva a produção, o PAA contribui com o aumento no consumo de leite pelas famílias em situação de insegurança alimentar. Diariamente, cerca de 700 mil famílias, de 1,2 mil municípios do Norte de Minas Gerais e dos estados do Nordeste, recebiam o leite produzido por mais de 26 mil agricultores familiares.
Leite produzido pela agricultura familiar alimenta mais de 700 mil famílias em municípios de Minas Gerais e do Nordeste | Foto: Joka Madruga/Brasil de Fato
O faturamento da Agricultura Familiar com a venda de matéria-prima para a fabricação de biocombustíveis saltou de R$ 68,5 milhões em 2006 para mais de R$ 2 bilhões na safra 2011/2012. Foram 105 mil famílias cadastradas no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), aptas a comercializar sua produção de mamona, dendê e outras oleaginosas com empresas detentoras do Selo Combustível Social.
Para obtenção do Selo, que garante vantagens como redução de impostos, os fabricantes de biodiesel se comprometem a adquirir um percentual mínimo de matéria prima dos agricultores familiares e a fornecer a eles capacitação e assistência técnica, entre outras obrigações
DESTAQUES
Reforma Agrária
Quantidade com qualidade. Esta é a bandeira dos governos do PT para a reforma agrária. Além de baterem recorde em número de famílias assentadas e hectares incorporados à reforma agrária, Lula e Dilma fizeram dos assentamentos locais dignos para viver e produzir.
Entre 2003 e 2013, o total de crédito para melhorar e aumentar a produção chegou a R$ 6,4 bilhões. A assistência técnica beneficiou 349 mil famílias em 2013.
Políticas públicas como Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida e Água para Todos chegaram aos assentamentos.
E o que nos governos anteriores era pedaço de terra sem infraestrutura, com Lula e Dilma passou a ser unidade de produção estruturada, com segurança alimentar e nutricional garantidas, visando o aumento quantitativo e qualitativo da produção de alimentos e geração de renda.
Dilma aumentou os recursos para dar às crianças e jovens dos assentamentos mais oportunidades de crescer e viver melhor | Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A geração de emprego e renda não está associada apenas a apoios financeiros diretamente vinculados à produção. O acesso à infraestrutura social é fundamental para a melhoria de vida no campo, especialmente nos assentamentos da reforma agrária. Os governos Lula e Dilma sempre estiveram preocupados com este aspecto. Em dez anos, 470 mil moradias foram construídas nos assentamentos; 150 mil famílias assentadas conquistaram acesso à água, segundo o Incra.
O estímulo à educação foi mais uma porta de oportunidades que se abriu para os jovens e adultos nas áreas de reforma agrária: 385 mil alunos foram beneficiados pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária/Pronera, com acesso ao ensino médio e superior e à especialização.
Lula e Dilma fizeram dos assentamentos locais dignos para viver e produzir. | Foto: Pablo Vergara / MST
Também houve investimento importante em infraestrutura logística, com a construção e recuperação de 64 mil quilômetros de estradas ao longo dos governos progressistas. Só em 2013, a recuperação de estradas que dão acesso e servem de vias de escoamento de produção dos assentamentos beneficiou 51,1 mil famílias. A construção de novas estradas melhorou as condições de deslocamento de mais 18,4 mil, segundo dados do Incra e do MDA.
A aquisição de máquinas modernas de apoio ao cultivo, colheita e transporte também tem sido priorizada pelo governo Dilma, com o objetivo de aumentar a produtividade da agricultura familiar pelo interior do Brasil, especialmente nos milhares de assentamentos espalhados por todo o país. Em 2013, 18,1 mil máquinas – entre retroescavadeiras, motoniveladoras e caminhões-caçamba – foram distribuídas por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Do total de 5.061 municípios contemplados, 1.637 têm assentamentos nos quais vivem mais de 700 mil famílias.
A reforma agrária nos governos Lula e Dilma teve como uma das prioridades a construção e/ou complementação de estradas vicinais, saneamento básico (abastecimento de água e esgotamento sanitário) e eletrificação rural. O objetivo era proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento sustentável dos assentamentos e garantir a permanência dos assentados no campo, combinando maior produção rural com melhor qualidade de vida.
O Plano Safra da Agricultura Familiar 2014-2015 trouxe outro avanço significativo para a reforma agrária: um novo crédito produtivo de R$ 1,63 bilhão, que beneficiou 255 mil trabalhadores assentados. A sistemática de crédito previa ciclos progressivos e orientados de estruturação produtiva, com assistência técnica em todas as fases, agilidade na operacionalização (recursos recebidos diretamente pela família, por meio de cartão) e articulação com outras políticas públicas.
Entrega de tratores no assentamento Reunidas, em Promissão, no interior de São Paulo: reforma agrária com infraestrutura e tecnologia. | Foto: Helton Ribeiro/Incra (SP)
DESTAQUES
Desmonte
Com o golpe que tirou Dilma Rousseff do poder, toda a estrutura de apoio e fortalecimento da agricultura familiar foi comprometida. O Plano Safra da Agricultura Familiar para o biênio 2022/23 não é compatível com as necessidades dos agricultores familiares, os juros para crédito ficaram mais altos e a assistência técnica e políticas de fomento foram atingidas.
Outros retrocessos após o golpe foram a interdição do programa de reforma agrária e a extinção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), causando ainda mais abandono para os agricultores familiares brasileiros.
Após o golpe, incentivos a agricultores familiares foram cortados e programas de acesso à crédito interditados. | Foto: Ministério do Desenvolvimento Social (MDS)
Qual é a importância da agricultura familiar para o Brasil?
A agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. São 4,3 milhões de unidades produtivas familiares (o equivalente a 84% do total de estabelecimentos rurais do país), e elas empregam nada menos que 74% de toda a mão de obra do campo, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Por que se fala tanto que o Governo Lula revolucionou o setor, se o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) já existia desde 1996?
Existia, mas era muito burocratizado, pequeno em volume e estava restrito a um público reduzido, quase todo ele concentrado na região Sul. Apenas 20% dos agricultores familiares brasileiros tinham acesso ao antigo Pronaf. Com Lula, ele esteve presente em 5.300 municípios. O volume de crédito disponível para a safra 2002-2003, antes da chegada de Lula à Presidência, foi de apenas R$ 2,2 bilhões; cresceu ano a ano com Lula e continuou crescendo com Dilma até chegar ao volume recorde de R$ 24,1 bilhões para a safra 2014-2015.
De que adianta tanto crédito para a produção, se os agricultores familiares não têm para quem vender?
Pelo contrário: os agricultores familiares têm um grande mercado consumidor – que somos nós. Não custa lembrar que 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa são produzidos pela agricultura familiar. E uma das ações dos Governos Lula e Dilma foi a criação de mecanismos para facilitar o escoamento da produção. Com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), por exemplo, em que o Governo Federal comprava boa parte da produção dos agricultores familiares, assentados da reforma agrária e quilombolas. Desde a criação do Programa, em 2003, foram adquiridas 4 milhões de toneladas de alimentos. Em dez anos, o PAA beneficiou 188 mil pequenos produtores. Beneficiou também 92 milhões de brasileiros de baixa renda, que receberam doações de alimentos adquiridos pelo Programa.