Entrar na fila para o transplante de um órgão significava iniciar uma terrível luta contra a doença e contra o tempo. Muitas vezes a morte chegava antes. A espera ainda é angustiante, mas já é bem menor do que em 2002. A fila para receber uma córnea é um símbolo dessa mudança positiva: em seis estados brasileiros (Paraná, Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Sul, Acre e Minas Gerais) e no Distrito Federal já não há mais espera. Outros sete estados devem seguir a tendência.

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Até 2016, 95% dos procedimentos foram realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o maior sistema público de transplantes do mundo. Em 2003 foram realizados 12.722 transplantes. Em 2015, o número chegou a 23.666, um aumento de 86%. Para expandir a rede de atendimento em transplantes e melhorar o mecanismo de captação de órgãos, o Ministério da Saúde investiu R$ 1,3 bilhão em 2015. A mudança na cultura dos brasileiros, com a gradativa quebra de preconceito de potenciais doadores, também foi decisiva: a recusa para doação caiu para 43% em 2016. A taxa de reações negativas era de 80% em 2003.
Outro dado que reforça essa mudança de comportamento é a de que o Brasil levou 23 anos (1987 a 2010) para chegar a 9,9 doadores por milhão de pessoas, enquanto, em 2016, esse índice cresceu para 14,6 (PMP), totalizando 2.981 doadores efetivos de órgãos.